A videocirugia minimamente invasiva para o tratamento cirúrgico do câncer do reto representa um procedimento ainda sob avaliação.
A excisão total do mesorreto realizada por acesso videolaparoscópico está associada a elevado grau de complexidade.
A alta taxa de conversão verificada após a cirurgia retal oncológica por videolaparoscopia é um dos principais sinais indicativos de que nem tudo vai bem no mundo da cirurgia minimamente invasiva do reto por câncer.
Visão tridimensional estável magnificada e em alta definição, instrumentos articulados e maior ergonomia são características da cirurgia robótica que podem levar a uma menor conversão na cirurgia retal oncológica minimamente invasiva.
A menor taxa de conversão representa a maior vantagem da robótica sobre a videocirurgia convencional para a realização da excisão total do mesorreto empregando via de acesso minimamente invasiva.
Jiménez Rodrigues e cols., do Hospital Virgen del Rocío de Sevilha na Espanha, publicaram no periódico Int J Colorectal Dis. 2014 Mar 21. [Epub ahead of print] uma análise dos fatores de conversão em uma coorte de pacientes com câncer do reto submetidos a ETM robótica.
Os autores do estudo analisaram 67 doentes.
As variáveis estudadas que poderiam justificar um maior risco de conversão foram: diâmetro bi-ilíaco, sacropromontório-púbico, entre o ccóccix e apube, idade, IMC e uso de terapia neoadjuvante.
Os procedimentos cirúrgicos incluíram nove ressecções abdominoperineais e 58 ressecções anteriores baixas. Houve 15 (22,38%) conversões. O tempo médio de operação foi de 192,2 ± 42,73 min.
A análise univariada das variáveis mostraram uma correlação entre conversão e: 1. IMC, 2. diâmetro bi-ilíaco e distância entre o cóccix e a pube (respectivamente: p= 0,004, 0,047, 0,046).
No entanto, SOMENTE O ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA resistiu à análise multivariada.
Os autores concluíram que o ìndice de Massa Corpórea é, também, para a cirurgia robótica , um fator independente para a conversão durante a excisão total do mesorreto.
Esse resultado não acrecenta conhecimento à evidência científica atual no seguinte sentido: o IMC elevado é fator complicador na cirurgia do reto seja por qualquer doença e empregando qualquer via de acesso.
Existe a possibilidade de que, devido ao reduzido tamanho amostral, possa haver falta de poder do estudo em apontar mais variáveis envolvidas em um maior risco de conversão, sobretudo entre as que foram muito bem estudadas (as medidas da pelve objetivam identificar a pelve estreita como fator de risco para conversão).
Novos estudos incluindo um maior número de pacientes e, preferencialmente comparativos, precisam ser realizadaso objetivando melhor definir o papel da robótica para a cirurgia retal oncológica.