Estima-se que cerca de 10% dos casos de câncer colorretal em pacientes com história familiar dessa doença possam passar despercebidos
Sabe-se que o risco de câncer do intestino é maior em pacientes com história familiar de pólipos adenomatosos do intestino.
O rastreamento do câncer do intestino deve começar aos 50 anos, e se for feito pela colonoscopia, deve ser repetido a cada 10 anos. Para os pacientes com história familiar de câncer do intestino diagnosticado antes dos 60 anos, a prevenção para os familiares sob risco deve começar aos 40.
No entanto, mesmo para parentes mais distantes (segundo ou terceiro grau) de pacientes com câncer do intestino e com menos de 60 anos de idade, as diretrizes solicitam que o rastreamento se inicie aos 50 anos, na mesma idade que para a população geral
Pesquisadores do Huntsman Cancer Institute (Universidade de Utah, EUA) avaliaram 126.936 pacientes com idade entre 50 e 80 anos submetidos a colonoscopia de rastreamento entre 1995 e 2009.
Observou-se que o risco de câncer do intestino era entre 35% e 70% maior entre parentes de primeiro grau de pacientes com diagnóstico de adenomas avançados. E também observou-se que o risco estava aumentado mesmo entre parentes distantes do indivíduo jovem índice com câncer colorretal ou pólipo avançado.
Os autores do estudo estimaram que se os pacientes do estudo tivessem se submetidos às diretrizes vigentes de prevenção de câncer, cerca de 10% dos casos vistos no estudo não teriam sido identificados.
O estudo provavelmente aponta o que a maioria dos especialistas brasileiros entende sobre as diretrizes de prevenção de câncer. Há confusão, o que resulta na dificuldade de sua aplicação. Correr o risco de perder 10% dos casos de câncer de intestino em familiares de um paciente jovem acometido por essa terrível doença é inaceitável. Associadamente, o estudo levanta dúvidas sobre a validade do intervalo entre exames de colonoscopia normais oferecidos a um paciente em prevenção: talvez 10 anos seja muito!